O novo acordo da Lionsgate é um teste para a relação de Hollywood com a IA.

# **Inteligência Artificial e a Sétima Arte: A Revolução na Indústria Cinematográfica**

A indústria cinematográfica está prestes a passar por uma transformação radical com a recente parceria entre a Lionsgate e a empresa de inteligência artificial (IA) Runway. A renomada produtora de sucessos como “John Wick”, “Jogos Vorazes” e “Crepúsculo” fechou um acordo inovador que permitirá à Runway ter acesso aos arquivos da Lionsgate, a fim de criar uma ferramenta de IA personalizada para pré-produção e pós-produção de filmes e programas de TV.

De acordo com o comunicado de imprensa divulgado pelas empresas envolvidas, a ferramenta desenvolvida pela Runway ajudará a Lionsgate Studios, seus cineastas, diretores e outros talentos criativos a aprimorarem seu trabalho e a gerarem vídeos cinematográficos que poderão ser aprimorados ainda mais usando as ferramentas controláveis da Runway.

A notícia da parceria entre a Lionsgate e a Runway chamou a atenção de diversos profissionais da indústria do entretenimento, especialmente aqueles que acompanham de perto a influência da inteligência artificial no trabalho dos criativos. A cineasta Justine Bateman, conhecida por suas críticas à IA durante as greves de Hollywood no ano passado, publicou em uma rede social uma mensagem que soou como um aviso: “Há mais de um ano, eu disse que assumia que os estúdios não estavam processando as empresas de IA por usarem seus filmes com direitos autorais, porque eles queriam suas próprias versões personalizadas. Bem, aí está.”

Essa parceria pode se tornar um teste para as proteções de IA estabelecidas por sindicatos, como o Screen Actors Guild-American Federation of Television and Radio Artists (SAG-AFTRA), em suas negociações de contrato com os estúdios no ano passado. De acordo com essas proteções, os estúdios devem obter o consentimento dos atores antes de criar réplicas digitais deles. Como a ferramenta desenvolvida pela Lionsgate e pela Runway será usada apenas para trabalho de pré-produção e pós-produção, isso está dentro do escopo desse acordo.

Matthew Sag, professor de direito e IA da Universidade Emory, comenta que essa parceria representa um desenvolvimento significativo. Ele observa que a indústria cinematográfica tem utilizado diversas tecnologias e automação ao longo dos anos, e essa nova evolução implica na automatização de processos criativos e artísticos, algo inovador e desafiador.

No entanto, as proteções estabelecidas nos contratos dos atores não serão afetadas pelas novas ferramentas de IA. O foco do uso da tecnologia é auxiliar na resolução de tarefas específicas, não substituir empregos inteiros, garante o CEO da Runway, Cristóbal Valenzuela. Segundo Valenzuela, os artistas sempre estarão no controle das ferramentas que utilizam.

Michael Burns, vice-presidente da Lionsgate, enxerga a IA como um impulso para a produção cinematográfica, permitindo oportunidades de criação de conteúdo mais avançadas e eficientes. Embora a parceria com a Runway seja uma maneira de explorar o potencial dessa inovação, ainda resta saber quais serão os impactos nas operações futuras da Lionsgate.

A indústria cinematográfica sempre esteve em constante evolução e adaptação às tecnologias e mudanças do cenário. No entanto, a chegada de ferramentas de IA como a desenvolvida pela Runway representa um marco nessa transformação, automatizando aspectos criativos e artísticos até então considerados exclusivamente humanos. Como afirmou Sag, é impossível prever com certeza se essas ferramentas serão criadoras ou destruidoras de empregos, mas certamente terão um impacto significativo nos processos de pré-produção e pós-produção.

A parceria entre a Lionsgate e a Runway não apenas reflete a atual tendência de integração da IA na indústria do entretenimento, mas também sinaliza um futuro emocionante e desafiador para a sétima arte. Nesse novo cenário, a colaboração entre humanos e tecnologia se torna fundamental para impulsionar a criatividade e a produção de filmes e programas de TV cada vez mais impressionantes.