Relatório indica que a Amazon investirá até $20B no Projeto Kuiper.

# Projeto Kuiper da Amazon: De custos elevados a receitas astronômicas

A análise de mercado recentemente publicada sobre o esforço do Projeto Kuiper da Amazon para criar uma rede global de banda larga via satélite estima que o custo para tirar o projeto do papel seja de US$ 16,5 bilhões a US$ 20 bilhões – valor significativamente maior do que os US$ 10 bilhões citados pela empresa há quatro anos.

Embora o investimento seja significativo, os benefícios podem ser ainda maiores, segundo a análise publicada esta semana pela Quilty Space, com sede na Flórida. O relatório sugere que a receita do projeto pode chegar a dezenas de bilhões de dólares anualmente.

O Projeto Kuiper tem como objetivo colocar 3.232 satélites em órbita terrestre baixa para suportar uma rede de internet de alta velocidade que poderia atender dezenas de milhões de usuários ao redor do mundo – e, não incidentemente, fornecer infraestrutura para a Amazon Web Services e para outras ofertas da Amazon atuais ou futuras. De acordo com os termos da licença da Amazon emitida pela Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos, metade desses satélites devem ser lançados até meados de 2026.

A Amazon está bem atrás da SpaceX e sua rede de banda larga por satélite Starlink, que já possui mais de 6.000 satélites em órbita. A análise financeira da Quilty afirma que a Starlink “terá 3,9 milhões de assinantes, receitas de US$ 6,6 bilhões e fluxo de caixa positivo” até o final de 2024. No entanto, a Quilty sugere que ainda há espaço suficiente no mercado para o Projeto Kuiper.

“Se a Amazon alcançar 100 milhões de assinaturas com uma ARPU (Receita média por usuário) mensal média de US$ 30, o Kuiper geraria US$ 36 bilhões de receita anual, rivalizando com as receitas atuais de assinatura da Amazon”, diz o relatório.

Mas antes de atingir esses números astronômicos, a constelação precisa ser colocada em órbita. Dois protótipos de satélites Kuiper foram lançados com sucesso pelo foguete Atlas V da United Launch Alliance no ano passado, e a Amazon diz que outro lançamento com o Atlas V está previsto para enviar os primeiros satélites operacionais para a órbita até o final deste ano. O cronograma atual prevê a oferta de serviços de banda larga para os clientes a partir do próximo ano.

De acordo com o relatório da Quilty, os custos de lançamento sozinhos eventualmente ultrapassarão os US$ 10 bilhões. A maioria desses lançamentos será realizada pelo foguete Vulcan Centaur da ULA, que realizou apenas um lançamento espacial até o momento; e pelo foguete New Glenn, da Blue Origin, que ainda está em desenvolvimento. Outros lançamentos serão realizados pelos foguetes Atlas V da ULA e Falcon 9 da SpaceX, além do Ariane 6 da Arianespace.

A Quilty afirma que uma das maiores incertezas do projeto está relacionada à capacidade da Amazon de cumprir seu cronograma de lançamento. “A alta dependência alarmante da Amazon em veículos de lançamento completamente novos representa o maior obstáculo para levar o Kuiper ao espaço”, diz o relatório.

“Na realidade, a menos que ocorra um milagre, a Amazon precisará de uma isenção da FCC, mas não vemos isso como um grande obstáculo”, diz o relatório.

O relatório também destaca o histórico “instável” da Amazon em dispositivos de consumo. “Se os gastos com o Kuiper aumentarem e os marcos não forem cumpridos, há o risco de se tornar um outro empreendimento custoso, similar a empreendimentos da Amazon que não deram lucro, como Alexa e os rastreadores de fitness Halo”, afirma o relatório.

Outros destaques do relatório:

– A Amazon não revelou muitas informações sobre as especificações de seus satélites, que estão sendo construídos em instalações em Kirkland e Redmond, Washington. No entanto, a Quilty estima que cada satélite tenha uma massa de 600 quilogramas, uma envergadura de painéis solares de 8 metros e um custo de fabricação de US$ 1,5 milhão a US$ 2 milhões. Mais de 2.000 funcionários da Amazon estão trabalhando no Projeto Kuiper.

– A Quilty afirma que os primeiros adeptos das ofertas do Projeto Kuiper devem estar no setor governamental – especialmente defesa e inteligência – e no setor de mobilidade. A Amazon já estabeleceu parcerias com provedores de telecomunicações sem fio, incluindo Verizon, Vodafone e NTT.

– De acordo com a Quilty, “a força não tão secreta do Kuiper vem dos negócios de dispositivos da Amazon, com ampla experiência na produção em massa de eletrônicos de consumo, e da AWS, que alimenta cerca de um terço da infraestrutura da internet, incluindo computação em nuvem, armazenamento de dados e hospedagem. A Amazon pode entrar rapidamente em mercados que a Starlink teve que construir do zero.”

– O relatório também observou indícios de que o Kuiper poderia eventualmente ser usado como uma alternativa ao GPS para serviços de posicionamento, navegação e temporização (PNT, na sigla em inglês). “A consideração inicial da Amazon do PNT para o Kuiper aumenta a probabilidade de seu sucesso, seja como uma atualização para o Kuiper Gen-1 ou como parte do maior Kuiper Gen-2”, diz a Quilty.

Em resposta à consulta do GeekWire sobre o custo de implantação da rede de primeira geração do Projeto Kuiper, um porta-voz da Amazon disse que a empresa não comenta especulações. Essa regra também pode se aplicar a outras seções da análise da Quilty.

Confira o site da Quilty Space para obter mais informações sobre o recebimento de seus relatórios.